---------------------------------------

tem algo entre 25 e 30 anos, e acredita que exista alguma coisa entre o céu e a terra - mas não se atreve a dizer o quê. Não procura nada, mas aproveita-se de tudo o que encontra pelo caminho.

Ávido freqüentador dos botecos, bairros e avenidas paulistas, coleciona música com os olhos, boca e ouvidos em tudo o que encontra pela frente. Não se preocupa mais com idade, roupas ou opiniões alheias, pois estando feliz, estará em casa onde quer que esteja.

---------------------------------------

agosto 2006
setembro 2006
outubro 2006
fevereiro 2007

---------------------------------------

  terça-feira, fevereiro 13, 2007
Stereophonics - You Gotta Go There To Come Back

O que de fato me agradava em Londres era aquele clima soturno, beirando ao melancólico, e a atmosfera neo-conservadora das pessoas, que se modernizavam e se adequavam aos costumes da moda, mas jamais deixavam de ser londrinos. O sotaque carregado (sim, aos habituados com o inglês americano, a língua-pátria dos europeus beira ao caipira), um requinte muito semelhante aos paulistas do Mercado Municipal, da Moóca, os Juventinos e afins. De qualquer forma, um povo adorável até mesmo no seu azedume.

Eu nunca estive em Londres. Muito menos havia conversado com um londrino, ou visto uma foto que não fosse em revistas de viagem ou pela internet. E que me chamem louco então, que não me importo. Nunca me reconheci com os ritmos daqui, ou esse humor exacerbado, ou ainda com a falta de entremeios e delicadezas que possibilitam destinguir um sir de um cidadão comum. Me admira sim essa elegância, e o que há de fino. E não estou falando do chá das 5, e sim desse requinte da postura, dessa melancolia áspera e do tempo nublado.

Passagens para a terra da Rainha sempre me são enviadas via Beatles, e mais recentemente via Oasis - que sim, considero uma banda bem honesta e que bebe na melhor das fontes. Porém, um trio do país de Gales chamado Stereophonics fornece passagens para a ilha ao mesmo preço, e com um tempero local de deixar qualquer um de queixo caído.

O álbum You Gotta Go There To Come Back de 2003 traz exatamente esse sabor. Talvez porque a banda de Kelly Jones tenha mixado o cd nos estúdios em Abbey Road, ou ainda porque antes disso em Since I Told You It's Over - única faixa gravada nos estúdios dos Besouros, e provavelmente a mais melancólica do disco - sinta-se claramente o que descrevi logo acima. Dos discos anteriores (Word Gets Around de 1997 e Performances and Cocktails, de 1999) nota-se que existe um pouco mais de alegria e menos identidade na música dos rapazes. Algumas pérolas e muito potencial, que se evidencia nos discos seguintes: em Just Enough Education to Perform (2001), e o nosso You Gotta Go There... temos uma banda com experiência de estrada e personalidade, além de mixagens mais caprichadas e "sujas", agora condizentes ao seu estilo, e com o lugar de onde vêm.

Fato é que You Gotta Go There... é um discásso. Passeia pelos raros dias de sol do Velho Continente (Raibows And Pots Of Gold), mas logo encontra a paisagem nebulosa da falta de controle (Help Me), de saudade e despedida (I Miss You Now e Since I Told You It's Over), inveja (Jealousy), entre tantas amarguras. Mas em um disco aparentemente choroso - aos que desconhecem o som dos rapazes, reencontra-se a luz em territórios conhecidos (despedida (Nothing Precious At All) e Maybe Tomorrow) e até mesmo um bom humor quase cafajeste (You Stole My Money Honey). E a mistura desses temas tão cotidianos e reais acaba resultando na experiência à qual o disco oferece em seu título.

Portanto, caso queira conhecer um pouco da ilha britânica além-Beatles, uma boa pedida é pegar um expresso até o País de Gales, e de lá partir de olhos fechados e ouvidos abertos à essa experiência estereofônica. Entre o luxo e o lixo desse lugar cuja temperatura não ultrapassa 20ºC, e onde o rock pode sim ser rotulado de "bom e velho", não se sinta mal em pedir mais dois dedos de whiskey durante a viagem. Afinal, você precisa ir até lá para poder voltar.

cotação: ****
para saborear Since I Told You It's Over e Help Me, clique aqui.

escrito por Eddie Cooper || 13.2.07 || 0 comentando.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

terça-feira, outubro 31, 2006
Gene - Revelations

Acho que o excesso de qualidades nas pessoas serve apenas para ser lamentado. Senão, vejamos: caso apaixone-se perdidamente por alguém repleto de predicados, quando este alguém não quiser mais ficar contigo, suas idéias sempre flutuarão em torno de pensamentos como "mas puxa, ele era tão bonito, inteligente, simpático, doce... por que não quis ficar comigo?". Em outra mão, temos a situação oposta: a pessoa "perfeita" se aproxima de você, mas sabe-se lá por qual motivo, você não cai de amores por ela e acaba dizendo "tchau, até mais, a gente se vê". Aposto que suas lamentações vão mudar de lado: "puxa, ela era tão bonita, simpática, doce, inteligente... Por que eu não me apaixonei por ela?".

Exatamente por isso, entendi cada linha da complexa fábula da vida quando vi os dois juntos. Não era à toa que tudo tinha dado errado para eles durante tanto tempo. Não foi por acaso que ambos, cada um em seu caminho, haviam quebrado a cara tantas e tantas vezes. Naquele momento, tudo pareceu nítido: eles precisavam se encontrar, só isso. Cedo ou tarde, longe ou perto. Juntos, eles eram um amontoado de defeitos que fazia sentido. Era como se não precisassem de qualidades a serem lamentadas depois, porque não existiria o depois. Então eles viviam intensamente aqueles defeitos todos, aquelas falhas, aqueles erros evidentes. Dois rabiscos tremidos dançando levemente sobre uma folha branca, suja.

No chão do quarto, no meio da bagunça caótica daquela vida que pulava regras como se fossem as barreiras de uma pista, o encarte de um disco estava cuidadosamente abandonado sobre algumas roupas amassadas. Era Revelations, o penúltimo álbum dos ingleses do Gene. O disco que rodava em loop no cd player também. E nada poderia ser tão apropriado - a trilha sonora pode ser perfeita, ainda que as pessoas não precisem ser. A banda surgiu em 1993 na Inglaterra, ao mesmo tempo que o intangível Oasis, e acabou sendo lançada ao segundo plano do rock inglês exatamente por esta coincidência cronológica. O segundo plano, na época, era como um porão escondido sob uma mansão escura, fria e mal-assombrada. Além disso, a banda sofreu também com uma comparação injusta: a de que seria uma cópia fajuta dos Smiths. Tá certo, vá lá, Martin Rossiter tem um timbre vocal que lembra bastante Steven Patrick Morrissey, mas a semelhança pára por aí. O Gene foi, desde o primeiro disco (Olympian, 1995), uma banda de rock com muita personalidade.

Revelations, de 1999, é o álbum que melhor demonstra a distância entre o Gene e os fantasmas dos Smiths. A abertura do disco, com As Good As It Gets, já mostra que os meninos estão bem menos doces do que na obra-prima anterior, o extremamente romântico e belo Drawn to the Deep End (1997). Eles estão mais errados, digamos. Mais crassos. Mais humanos. Muito mais próximos desse romance de verdade, em que as partes não têm muitas qualidades. Talvez por este motivo, pareçam também mais abertos para viver a vida. O assunto central, no entanto, continua sendo os relacionamentos humanos e essas coisas todas que cercam boa parte de nossas vidas. Só que agora a proposta é outra: "give me what I need and I´ll love you for an hour". Simples como isso. Quase cruel. Nada de romances que padeçam por excesso de glicose.

Eles continuavam ali, juntos, sobrevoando todo o caos do quarto, ouvindo incessantemente aquele disco e aquelas músicas que diziam tudo o que eles não precisavam falar. Imploravam para que toda as qualidades permanecessem do lado de fora, afinal, não precisavam delas para seguir adiante. O Gene desistiu de manter a perfeição de suas trilhas e a banda acabou em 2004, após alguns show que foram preciosamente registrados para a posteridade. Já o romance imperfeito seguiu, ad aeternum.

cotação: *****
para saborear As Good As It Gets e The Looker, clique aqui.

escrito por Nat || 31.10.06 || 0 comentando.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

quarta-feira, setembro 20, 2006
Cardigans - Super Extra Gravity

Não é sempre que as coisas fazem sentido.

Quando em sã consciência alguém resolve terminar um relacionamento numa segunda-feira pela manhã? Convenhamos: no mínimo, impertinente um fato desses. Mas eu presenciei os acontecimentos.

Ele trabalhava em frente à minha mesa, e eram nove horas da manhã. Obviamente ainda conversávamos sobre a rodada de futebol do final de semana. Quem em sã consciência inicia o expediente de forma decente numa segunda a essa hora? Pois bem. Dividindo seu tempo entre minha atenção e seu web messenger, sua voz lentamente mudava de tom. As respostas não saíam, até ele engasgar. Nosso papo foi jogado de lado e seu micro atacado ferozmente por um sujeito segurando as lágrimas e transbordando raiva pelos dedos.

Claro que sequer me aproximei. Coloquei meus fones e acompanhei o choro, o telefonema desesperado, o completo silêncio desolado de alguém jogado fora depois de algumas palavras na tela. O rapaz segurou o rosto por bons minutos, fones nos ouvidos, olhando para sabe-se-lá-onde, até arremessar para longe uma pilha de papéis e correr para fora do prédio.

Me aproximei do seu micro pra dar um jeito naquelas coisas. Claro que ao olhar para o monitor não pude deixar de notar a história da manhã daquele cara resumida em poucas janelas.

Escondendo sua vergonha com Cardigans. A melancolia envolvente da voz de Nina Persson certamente impulsionou o acesso de fúria. Super Extra Gravity é um disco sensível, e com variações de humor e ritmo muito perigosas para situações limítrofes. Ouvir I Need Some Fine Wine And You, You Need To Be Nicer, com seu ritmo docemente acelerado pode servir de antídoto para momentos mais over, mas emendá-la com Don't Blame Your Daughter (Diamonds) é motivo de sobra para derramar as lágrimas que ainda estavam presas. É uma banda incapaz de fazer um álbum burocrático: ninguém começaria um álbum feliz com uma música chamada Losing a Friend, de uma batida só, quase como que numa marcha contínua rumo ao interior dos sentimentos de quem ouve com atenção cada melodia. A entrega definitiva ao sentimento se faz na última faixa, adequadamente chamada And Then You Kissed Me II.

Minimizando aquele iTunes, que com um pouco mais de cuidado notei que tocava Good Morning Joan em random mode. Compunham o restante cenário de desolação mais duas janelas: uma, com sua tentativa frustrada de e-mail de retratação por uma briga que só acontecera em uma das trincheiras - e por isso mesmo, não havia como ser rebatida. No outro extremo da tela, uma janela piscava a mensagem:

- não ouvimos mais as mesmas músicas.

Foi o suficiente para que ambos emudecessem.

cotação: ****
para saborear Losing a Friend e I Need Some Fine Wine (...), clique aqui.

escrito por Eddie Cooper || 20.9.06 || 0 comentando.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

segunda-feira, setembro 04, 2006
Depeche Mode - Songs Of Faith And Devotion

- Vamos nessa?

Depois de quatro horas de uma tarde ensolarada qualquer, fechamos a conta, dividimos o quarto e fomos embora. Na saída um olhar rápido e completamente impessoal.

- Você me liga amanhã?
- Talvez. Ainda não sei...
- Ok.


Um beijo no rosto e ela atravessou a rua. Seu carro estava a umas 4 quadras dali. Andei meio sem rumo por quase uma hora até meus pés me convencerem que seria necessário pegar um ônibus se quisesse chegar em casa antes do cair da noite. O corpo dolorido se jogou na última poltrona da primeira condução que passou, e aquela cara de satisfação indisfarçável deu lugar à inércia cinza de uma tarde sem paixão.

O som do discman de um sujeito ao lado deixava escapar algumas batidas secas e abafadas, e rapidamente reconheci Condemnation. Lembro bem que em 1993 esse álbum do Depeche Mode me causava um sentimento de perda, algo melancólico, gosto metálico e amargo na boca. Songs Of Faith And Devotion - um nome lindo. Certamente I Feel You há alguns momentos seria propícia a ambientar aquele quarto de pouca luz e corpos azuis e nus derramados sobre a cama. One Caress carregava o caráter de sexo bandido perdido em um motel barato no meio da cidade - perfeita para funcionar como última reza antes do final melancólico e solitário de um dia amarelo-opaco como aquele. Definitivamente, poucas foram as aventuras bem-sucedidas de bandas como o Depeche: substituir teclados por guitarras e obter êxito é coisa pra poucos. Agregando a isso a polêmica temática do álbum, que em muito lembra uma espécie de procissão ou algo do gênero.

Nos bancos da frente, um casal de namorados dava as mãos bloqueando o corredor. A mente ainda estava entorpecida com o perfume doce e úmido daquela tarde, e a cada novo carinho de ambos a lucidez aos poucos voltava a tomar conta de mim. Enxergar na figura da garota alguém muito parecida com uma paixão antiga me pareceu bastante plausível, assim como notar que o rapaz usava as mesmas roupas que eu, e que tudo aquilo compunha um quadro que me jogaria na cara que o mundo de pessoas apaixonadas ainda existe. Meu sexo barato poderia perder o valor diante da prova maior de que tudo que envolve um sentimento além do desejo pode ser mais saboroso.

Mas em nada aquilo me interessava. O sujeito aumentou o som em Walking In My Shoes, e esqueci completamente os olhares apaixonados, os sussurros daqueles dois. O prazer daquela tarde já havia acontecido, e qualquer coisa que pusesse em dúvida o valor da indiferença de quem se despede sem te olhar nos olhos seria puramente descartada.

No dia seguinte, nenhum telefonema. E a vida seguiu.

cotação: ***
para saborear Condemnation e Walking In My Shoes, clique aqui.

escrito por Eddie Cooper || 4.9.06 || 0 comentando.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

segunda-feira, agosto 28, 2006
Travis - The Man Who

Tudo estava planejado. De certa forma era mais um dia onde as coisas deveriam seguir seu rumo de forma normal e sem maiores surpresas. O case de cd's com os álbuns de sempre, a primeira roupa que estava à mão, cinco minutos mais cedo eu estava na rua. Céu nublado, cinza, um vento frio, e na cabeça, a insistente Why Does It Always Rain on Me?, do Travis, que acabara de tocar num dos raros momentos de lucidez da MTV - sim, urbanóides ligam suas TV's às 6h da manhã para assistir qualquer coisa que esteja passando.

Um álbum excelente para o início de semana, diga-se de passagem, é esse tal de The Man Who. E eu tenho certeza que desde 1999 não somente eu, mas muitos londrinos e outros cidadãos do mundo compartilham da mesma opinião. O quarteto deu continuidade à qualidade presente em Good Feeling (1997), carregou os violões à tiracolo e derrete suas melodias no vocal leve e intenso de Francis Healy. Writing To Reach You combina com manhãs e abre uma série de petardos sutis, onde não é necessário muito esforço para decorar e cantarolar durante o restante do dia suas melodias. E se citar Writing... para o início do dia me parece justo, o cair da tarde encaixa perfeitamente em The Last Laugh of the Laughter. Uma bateria quase inexistente em algumas faixas como Driftwood divide espaço com a energia conjunta de Turn, e as variações inesperadas que um dia podem trazer são as mesmas que acompanham o disco.

Ônibus cheio como de costume. Dessa vez sequer tive a curiosidade de ler o próximo capítulo do livro que há meses carrego na mala. Algumas curvas depois de me colocar ao lado do motorista, sobem mais algumas pessoas, e ao erguer a cabeça noto que na minha frente descansava à porta uma garota de rosto muito familiar, mas que certamente eu não conhecia.

Olhos claros, rosto arredondado, cabelos negros, e um sorriso pequeno que simplesmente me fez esquecer do barulho do motor, das pessoas ao redor, de tudo. Why Does It Always Rains on Me? não fazia mais sentido naquele dia. Música com gosto de segunda-feira paulista (nossa única diferença em relação ao clima londrino é que às vezes temos sol). Mas assim que involuntariamente agarrei seu braço quando a porta se abriu sem que ela notasse, um leve sorriso surgiu daquele rosto, melancólico e tímido como a capa branca de fotos distantes.

Turn reinaria absoluta em minha mente no restante da viagem. O tempo, que em algumas vezes congelava o mundo quando eu olhava novamente para aqueles olhos acelerou no momento em que me aproximava da descida. Os olhos ficaram pra trás, e fui presenteado com um último sorriso. As cenas de filme que nunca acontecem quando a gente quer, ganham ares ainda mais míticos quando descritas dessa maneira. E assim como pode parecer ao que não acreditam no acaso, nada mais naquela segunda faria sentido.

cotação: ****
para saborear Turn e Why Does It Always Rains on Me?, clique aqui.

escrito por Eddie Cooper || 28.8.06 || 0 comentando.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

sábado, agosto 26, 2006
Morphine - Cure for Pain

Prometemos meia dúzia de absurdos quando nos conhecemos. Nos primeiros dez minutos, combinamos uma viagem ao redor do mundo. Nos vinte minutos seguintes, falamos sobre o bairro em que gostaríamos de morar quando casássemos. Após uma hora, pensávamos nas crianças brincando perto da horta que cultivaríamos com carinho. Foi então que saímos correndo daquele café, embrulhamos nossos corpos ensandecidos em lençóis alugados e nunca mais nos vimos. Nunca mais. Alguns grandes amores duram apenas um período de três horas no motel mais próximo, simplesmente porque é o suficiente. Se fosse de outro jeito, talvez deixasse de ser um grande amor.

Mas, ainda assim, é bom que se diga que foi mais profundo que centenas de outras experiências que talvez vocês julguem maiores. Mais profundo que qualquer sentimento que exista entre os casais que passeiam de mãos dadas como zumbis pelos corredores dos shoppings. Não existiam amarras, e quando elas não existem, você pode mergulhar sem calcular a profundidade. Quando colocamos os pés naquele quarto, ele olhou sem desvio nos meus olhos e perguntou:

- Você se sente livre para dirigir um filme, cantar uma música ou escrever um livro?

Era a deixa perfeita para lançar Morphine no player. Cure for Pain, de 1993, nasceu para manipular por novas vias as estruturas do rock tradicional. Ainda que Good, lançado no ano anterior, já apresentasse a essência do que era o tal Morphine – uma banda de rock sem guitarras, mas com um inusitado sax no lugar das cordas barulhentas -, foi com Cure for Pain que Mark Sandman e companhia firmaram-se como uma das bandas mais inventivas da década de 90 – quiçá de todos os tempos.

- Se você se chamasse Candy, eu gostaria de ter escrito esta música para você.

O disco que começa com a breve e instrumental Dawna caminha para Buena ainda com uma sonoridade pouco comum, mas já na segunda faixa começa a seduzir inevitavelmente – talvez pela incrível e suave voz de Sandman, ou ainda pelos sons insólitos que explodem da quase minimalista banda. Aos poucos as canções ganham corpo e saltam sozinhas pelo ar. I´m Free Now - a dona do verso sobre liberdade citado acima – é absolutamente perfeita. Mas chega de análises, pois não é preciso fazer um faixa-a-faixa de Cure for Pain: ele anda com as próprias pernas, como se fosse soberano em um universo paralelo onde não existem guitar bands. Antes de seguir adiante, no entanto, é importante citar Candy, uma bela canção de amor nada convencional. O mundo continua precisando de canções de amor, afinal.

- Mas... Se você não se chama Candy, qual é mesmo o seu nome?

Os amores perfeitos são assim. Não se apegam às pequenas convenções da vida – como guitarras ou nomes próprios, por exemplo.

cotação: ****
para saborear Candy e I´m Free Now, clique aqui.

escrito por Nat || 26.8.06 || 1 comentando.

---------------------------------------------------------------------------------------------------